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quarta-feira, 17 de março de 2010

GOSTOS QUE SE FORAM

GOSTOS QUE SE FORAM


Tem sabores que se perdem quando perdemos as pessoas que os preparavam.

O nhoque da minha vó Mina. E o seu bolo de castanhas portuguesas.
O requeijão de panela que a vó Dora fazia.
Tanto o gosto quanto vê-la fazer o requeijão era magnífico.
Esperava a colher de pau subir com aquela massa branca densa e firme panela a fora. Ali sabia que era a hora de comer aquele requeijão ainda quente e com açúcar. Tudo era maravilhoso. A massa. O fio. O cheiro. O gosto. A risada da minha avó.

O pudim de leite condensado da Dª Claride. Jamais comi nenhum outro tão bom. Jamais consegui fazer igual. Não adianta a receita é a mesma, mas não a mão.

O molho de macarrão do meu pai. Ficava vendo ele fazer... Mas não adianta, não é igual. Mesmo porque cada dia ele punha alguma coisa a mais. Qualquer ingrediente que estivesse a mão, disponível, ia para dentro da panela. O mais gostoso quando ele cozinhava é que ele convidava mais pessoas para almoçar em casa. O que fazia virar sempre uma festa. Eu gostava disso.

A tia Wanda não cozinhava, era uma mulher das letras e das palavras, mas fazia, ou mandava fazer, um suco para tomarmos em baixo do caramanchão coberto com uma primavera. Ali ficávamos sentados durante muito tempo conversando sobre tudo e todos. A conversa fluía com um gosto de modernidade e um sabor de crescimento.

São tantos os sabores que já nem sei todos de cor.
Só sei que tenho saudades.
Só sei que tem cor de alegria.

NÃO NASCEMOS SOZINHOS

Não. Nós não nascemos sozinhos.

Precisamos de um pai e de uma mãe para nos formar.
Precisamos de uma mãe para gerar.
Precisamos de uma parteira para nos parir.
Precisamos de alguém que cuide de nós para sobrevivermos.
Precisamos de muitos para crescer.

Precisamos de muitas pessoas ao longo de nossa vida para nos ajudar.

Decididamente, nós não somos nada sozinhos.

O que pode acontecer é ficarmos sozinhos, só isso.

É tão triste estarmos sozinhos.
É tão triste sermos esquecidos ou isolados...

Quando penso que seria resgatada de um terrível passado, vejo que estou sozinha.
Quem poderia me resgatar, se esqueceu de mim.

Mas não vou morrer.
Decididamente não vou morrer.

Não morremos sozinhos.
É triste morrer sozinho.
É mais possível do que nascer sozinho.
Mas, não vou morrer.
Não agora.
Mesmo que facilite a vida de muito.
Muitos que me deixaram sozinha.

Mas com certeza ninguém nasce sozinho.
Ninguém sobrevive sozinho.
E ninguém deveria morrer sozinho.

Até para um enterro precisamos do outro.

Nós sempre precisamos do outro.
Nunca admitimos isso...
Mas precisamos do outro.
Sempre precisamos do outro.

Para existir precisamos de duas pessoas para nos fazer.
E temos a pretensão de achar que nascemos sozinhos.
Não. Não nascemos e nem podemos viver sozinhos.

domingo, 7 de março de 2010

Também sobre idade!

Também sobre idade porque o Pituca escreveu e começou o seu Blogg assim: IDADE!

Faz um bom tempo que venho notando que todas as pessoas da minha geração são mais novas que eu! (algumas, muito poucas, são um pouquinho mais velhas que eu).
As artistas que eram da minha época: são hoje todas mais novas, mais bonitas, mais saradas...
Os amigos? Todos são mais novos!
As amigas? Puxa como será que as conheci... eu devia estar no Colegial quando elas estavam no Jardim da Infância... Sabe Deus como foi que temos algumas (na conta delas apenas algumas) lembranças em comum! Mistério!

Definitivamente acho que sou a anciã do mundo!
Ops, com exceção da Meryl Streep que confessou seus 60 anos!

Quem assistiu os anos 60, acompanhou os anos 70, viveu os 80... hoje tem uma noção tão grande sobre o mundo...
Sabe o que é valorizar a criatividade!
A importância de criar, extrapolar!
Sabe o que é a Ditadura. Alguém exigir que você pense o que o outro pensa.
Sabe o quanto a mulher precisou fazer para hoje estar mais atuante do que nunca!
E sabe também que as vezes as mulheres pensam: Aí quero colooooo!!!!!

Eu e minhas amigas as vezes brincamos que gostaríamos de ter um machão "que me jogue na parede e me chame de lagartixa" ... rsrsrsrrs....

Aiiii ... a idade ... faz cada uma ...
Como é mesmo?
A idade?
Hahahaha....

quarta-feira, 3 de março de 2010

Zig Zag Marisa: A Missa

Zig Zag Marisa: A Missa

A Missa

A missa na minha casa.

Um dia me perguntaram se eu queria fazer uma missa na minha casa.

Sim, claro que sim! Achei a idéia ótima!

Preparei tudo conforme deve ser. A mesa na varanda para poder estar num lugar coberto.

A toalha branca. Sempre branca para o altar.

A mesinha lateral para o apoio.

Vela, flor natural, crucifixo, toalha para secar a mão do padre, jarra e bacia. Copo com água e raminho para a benção final. Fiz um raminho natural com o cabo enrolado num filó e um laço de cetim. Tudo eu pensei!

Assim achei.

Tres cadeiras. Mas a do padre queria que fosse especial.

Tinha uma poltroninha de junco, toda tramada, com almofadinhas e toda branca. Pronto! Achei a cadeira para o padre! Tudo estava lindo.

No jardim fora da varanda pus bancos e cadeiras para as pessoas poderem sentar.

Bom, no meio da missa, ia tudo muito bem, até que o padre se sentou e quando foi se levantar... não pude nem ver o que aconteceu!

A batina toda bonita do padre, ficou presa num prego solto da linda poltroninha branca.

Aquilo foi um terror. O padre preso a cadeira, o fio correndo e repuxando a batina... e eu tentando salvar a situação... e a missa tendo que continuar.

Ah! que situação.... ufa... o que fazer...?

Soltamos o padre, a missa continuou e eu rapidamente trouxe uma colcha branca e forrei toda a poltrona. Mas, o estrago estava feito.

O padre muito gentil e educado nem falou nada. Ao contrário falou que tudo bem, nada tão importante assim! Ainda falou da noite linda que estava! Que do altar ele via a lua crescente e a estrala. Que a missa tinha sido especial.

Alguns anos após o incidente da missa, conversando com o padre e uma amiga, comentamos sobre eu ter feito uma missa em casa, péréréré daqui e dali... e ele fez uma cara estranha e eu questionei o que era. Minha amiga começou a rir, então me contaram o que havia acontecido aquela noite.

O padre queria fazer bonito. Queria ir todo arrumado e elegante.

Foi ai que teve a ideia de pegar emprestado a batina de outro padre. A batina era nova e muito bonita.

Quando ele viu o fio puxar ... rsrsrs... ele só pensava no padre que nem sabia que ele havia pego a batina! Aquilo consumiu ele por dentro. O que ele faria se a batina não tivesse conserto? Como ele falaria ao dono da batina que a batina se estragou? A batina que ele nem havia emprestado?! Que situação terrível!

Ao terminar a missa, ele e minha amiga correram para salvar o estrago que o prego fez!

Puxa que puxa!!!! Acerta aqui e ali... Vai e vem... até que o fio entrou no seu devido lugar. Devolveram a batina sã e salva.

Até hoje quando lembramos do episódio, rimos sem parar!

Ai que prego maledeto!!!!!!

Rsrsrsrsr......