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sexta-feira, 22 de abril de 2011

MINHA AVÓ PATERNA


ENSAIOS
MINHA AVÓ PATERNA


Minha avó tinha uma energia que se juntasse todos de casa não chegaríamos nem ao pé dela.


Se houvesse algo para fazer hoje com certeza ela já havia feito ontem.


Acho que isso incomodava muito a minha mãe. Como uma nora consegue alcançar essa perfeição. Apesar de que meu pai não demonstrava gostar ou desgostar. Acho que ele nem dava bola para o que as duas faziam que era com certeza competir. Quem ganhava? Nenhuma das duas, ou melhor, chegava uma hora que ele se cansava e dava uns berrões, que tudo chegava a tremer... Acho que aquilo até me fazia rir. Muito disfarçadamente, porque se risse descaradamente acho que minha mãe me trucidava viva.


Minha avó era realmente elétrica, até a mim que acabava acompanhando sempre ela nos lugares que ia, ela as vezes me cansava. Ela falava sem parar... sem parar... e sem parar... Então eu acabava me desligando e vendo as imagens que iam se passando do lado de fora da janela do carro. Não, ela não guiava se fosse guiar com certeza ela iria passar por cima de mais ou menos umas trinta pessoas por dia, daí a coisa ia ficar desastrosa.


Eu ia com ela para a Cruzada Pró Infância e para o Taboa da Serra. Ela entrava metralhando com o saltinho que usava. Há distancia já sabiam que ela estava chegando... Toc toc toc toc toc toc toc toc toc sem parar e muito rápido. Mas muito rápido mesmo. Toctoctoctoctoctoctopctoc... Sem respirar... Assim que era...


Ela tinha as unhas vermelhas sempre muito bem feitas. Não me lembro de vê-la com o esmalte borrado, lascado ou a unha sem esmalte. As unhas eram grandes, mas não compridas, ali pareciam que eram compridas, ali pareciam que eram o sangue que corria tão depressa que precisavam sair pelos dedos a fora, dar uma volta, pegar um ar e voltar para dentro do corpo.


Suas mãos tinham as veias saltadas para fora (acho que também precisavam respirar...) e eu gostava de ficar tentando pega-las com meus dedos... Ela falava tanto que talvez nem percebesse, não sei... Um dia perguntei por que as veias dela saltavam pela mão. Mas ela não soube me responder, ficou quieta por uns instantes, olhando para as mãos e depois para mim e depois fez um muxoxo qualquer com a boca e continuou a falar. Meu pai quis dar uma explicação qualquer, mas nem teve chance, porque ela engatou de novo no assunto que ela falava e tudo voltou a ser como era. E eu continuei ali a mexer nas suas veias.


Acho que ela era a Srª Furacão.


Não havia o que ela quisesse fazer que ela não conseguisse. Podia ser um turbante da moda ou um bolo diferente. Um nhoque, que por sinal o dela era divino, como também era o bolo de castanhas portuguesas que ela fazia. Este vinha da casa dela já dentro do pirex com tampa própria e gelado, por que ficava muito bom assim de um dia para o outro e guardado dentro da geladeira.


Um dia fui com ela numa homenagem que fizeram na Cruzada. Ela foi homenageada. Foi com uma flor enorme presa ao ombro, mas feliz da vida. Tenho foto deste dia.


Teve o dia que fui também à estação da Luz com ela. Ela estava com o uniforme que era uma roupa típica da época áurea do centro da cidade. Tinha um avental sobre uma saia listada, clara, a blusa era com mangas bufantes. Se não me engano tinha um chapeuzinho na cabeça. Não sei direito, era algo no cabelo, não me lembro bem. Apesar de estar sempre no hospital com ela, eu não tinha a roupa por que eu não fazia parte das voluntárias. Foi assim que ela me explicou, naquele momento ela não quis me magoar, penso eu. E me pós sentada dentro da barraca com ela. Acho que era o máximo da importância estar dentro da barraca. E eu me senti mesmo importante, fazendo parte daquele grupo. Depois demos uma volta pela praça e ela me apresentou a algumas pessoas.


Um dia ela me matriculou num curso de primeiros socorros que foi ministrado dentro do hospital por uma enfermeira. Havia várias pessoas matriculadas, eram mulheres, tinha uma que era moça, um pouco mais velha que eu, mas já era casada, bonita, altiva, ia sempre com uns sapatos com um ligeiro saltinho e podia se ver que eram sapatos caros. Não que eu não pudesse ou não tivesse sapatos caros, sempre comprei os sapatos que quis isso meu pai sempre nos deu. Mas os sapatos desta moça eram mágicos. Mostravam que ela era organizada, contida, rica e quase arrogante. Fiquei amiga de curso dela. Mas só. Ela me olhava por cima dos ombros, não para me esnobar, mas pela classe de princesa que tinha. Uma princesa não olha para seus súditos de igual para igual. Pois então, ela não podia me olhar displicentemente, era por cima dos ombros. Ela era simpática, mas, era uma princesa e princesas não se misturam.


O curso foi ótimo, adorei. Aprendi que quando a gente se machuca devemos lavar os cortes com água e sabão! É isso mesmo, sabão de soda de preferência. Sabão que limpa mesmo. Se precisar com uma escovinha para tirar todo tipo de sujeira. Aquilo achei o Máximo! Limpa que limpa! Aprendemos como segurar as crianças novinhas, como trocar, como as enfermeiras dos berçários faz para cuidar dos nenês, como dar banho em bebe, como trocar as fraldas. Até como dar injeção, depois que treinamos nas laranjas, enchemos as injeções com água sei lá como chama e aplicamos umas nas outras. Essa parte não gostei nem um pouco. Tenho horror de tomar injeção até hoje. Não de tirar sangue, mas de tomar injeção. Pensei que fosse dar a minha injeção na minha amiga princesa, mas não uma fulana meio abrutalhada que me deu a injeção e eu dei nesta abrutalhada.


Tudo isso foi por causa da minha avó.


Os sacolejos na perua Combi, que nos levava para o Centro odontológico que minha avó foi designada para implantar no Taboão da Serra, eram até engraçados. Ela ia sentada na frente junto com o motorista e falando durante o caminho todo. E eu ia no banco de trás pulando com os solavancos. Na estrada para Taboão ainda não tinha asfalto. O Centro era uma casa pequena e simples que aos poucos ia tomando jeito de clínica. Tudo, absolutamente tudo tinha que ser perfeito, limpíssimo e ai se não tivesse. Ela chegava fazendo uma inspeção completa. Acho que se pudesse ela mandava todos abrirem a boca para ver se estavam com os dentes escovados e se as roupas estavam limpas. Bom, isso acha que ela olhava sim.


As vezes ela viajava para Assis conosco. Assis era a casa da minha outra avó, que era o verdadeiro oposta a ela. E teve uma vez que ela dormiu no mesmo quarto que eu, minha irmã e minhas primas. Bom, ela dormiu, mas nós não dormimos. Ela roncava tanto e tão alto. Era como uma serra. Fazíamos barulhinhos para ver se ela mudava de posição e parava de roncar, mas nada acontecia. Aconteceu foi que ela acordou e ficou brava conosco: Quietinhas! Quietinhas! No dia seguinte ela disse que não pode dormir de tanto barulho que fizemos a noite toda.


Ela adorava uma cartomante ou um guia espiritual. Então íamos para a casa da Dª Georgina sempre. Ela ia se consultar e nós éramos benzidas. Nos dias de São Cosme e Damião íamos ganhar docinhos na casa de Dª Georgina, ela fazia uma festa e distribuía doces para todas as crianças da rua.


Minha avó conheceu a Dª Georgina quando ela foi assaltada e roubaram todas as jóias dela. Alguém falou que tinha uma senhora que podia ver onde estavam as jóias. Bom, minha avó que nunca deixou para depois foi imediatamente atrás da tal da senhora. Ela fez a previsão, minha avó recuperou as jóias e nunca mais deixou de se consultar. Acho que ela não soltava um ‘pum’ sem consultar a coitada.


Mas na verdade a Dª Georgina era uma mulher negra, marrom, baixinha, mais baixa que eu que ainda era criança, quadradinha, gordinha e deliciosamente agradável e amável. Uma verdadeira florzinha raríssima da natureza. Uma paz enorme ir lá.


Tem muitas histórias dessa avó elétrica, as vezes atormentada... Atrapalhada nas confusões que se metia com minha mãe... Mas devo confessar que ela tinha qualidades únicas e até hoje sinto vontade de comer o nhoque e o bolo de castanhas que ela fazia.


Sinto saudades de vê-la brincar conosco enquanto costurava. Ela imitava com os dedos da mão direita uma tesoura cortando e com a mão esquerda ela arranhava a unha na madeira da mesa, do lado de baixo do tampo da mesa, aquilo fazia um barulho que parecia que a mão direita estava cortando como uma tesoura mesmo.


Ah! Faltou Fluoxetina para minha família.


Hahahaha...


Marisa Ribeiro Gioielli


21/01/2010.


Postado por marisa às 11:51


Marcadores: HISTÓRIAS DE MINHA AVÓ; avó; passado; lembranças;

Acabada!

Acabada!

 
Me olhei de fora de mim mesma e me vi acabada!


Arreada na cadeira, com o rosto na mesa, braços largados ...espirrando e tossindo...alergia...acabada!


Cadê aquele bonitão... ainda bem que ele não está... Estou acabada e pareço cem anos mais velha!


Completamente acabada!


Só me aparece complicados!!! Complicadíssiiimos!


Melhor melhorar... amanhã tem almoço, aniversário, festa, falar bobagem ...todo fim de semana tem festa... Mas não quero mais complicados...


Tenho que ficar boa de hoje para amanhã. Passe de mágica!


Quero estar boa para beber todas! Não vou guiando!

 
Leonardooooo! Quero colo!!!!


Se não tenho, fico ouvindo você cantar!

 
Um dia conheci um moço e ele me mostrou um lado meu que nem eu mesmo conhecia.


Resgatou em mim algo que nem sabia que existia.


Virou minha cabeça, me mostrou outro olhar...


Sinto sua falta, mas te busco dentro do meu coração, sempre que quero.


Sei que você não vai mais vir me ver mas te acho dentro de mim mesma!


Sinto teu cheiro e ouço tua voz perto do meu ouvido... rimos juntos. Eu e você.

Quero colo!


Por que você nunca mais me procurou?


Não sei...passou... mas ficou!


Você não me procura por que você ficou, não foi.

 
Hoje acabada!!!


Amanhã Acabadíssima!!!


Amanhã festa e show ao ar livre!


Quero me acabar amanhã!


Amanhã "Acabadíssima" !










Postado por marisa às 17:25


Marcadores: acabada, amor, conto, desamor, prosa
(Postado em outro Blog meu, dia 21/ 05 /2010)
Música

 
Não existe remédio melhor que música!


Se estou mal, ouço música.


Se estou deprimida, música.


Se quero sarar, música...


Música, música e música...

 
Mas nada é pior que música errada e na hora errada....

 
Remédio certo cura, remédio errado desanda.... mata!


Pelo menos mata os ouvidos...

 
A mesma música várias vezes seguidas... até que compreendo alguma coisa que tem que ser compreendida!


Repete, repete e repete....

 
Chego longe, além do mar e do céu. Além do lugar comum. Música, música....


Essa ou aquela, mas música.


Quem canta? Ele ou aquele? não sei...


Tem que repetir, repetir e repetir...


Até que compreenda o que preciso...


Sararrrrr


Sararrrr


Acordo e desperto!


Desperto para alguma coisa que estava atrás da música.


Através da música.


Não sei cantar. Não tenho memória para música.


Não tenho memória...preciso escrever para lembrar....


Mas escuto as músicas no meu ouvido, lá dentro sem saber de onde vem...


Ouço um piano que toca e toca, lindas melodias...


Ouço sempre as músicas...


Mas tenho que estar bem


Se estou mal, preciso me sarar, preciso de música...


Preciso dançar...


Preciso dançar ao som das músicas

 
Morro e revivo...


Entro e saio de mim mesma
 Não sei cantar


Cantar é divino.


Acho que não sou divina.

 
Mas entro e saio da música quando quero e como quero.


Saro na música!


Saro na música!

 
Fico comigo mesma e me faço companhia.

 
Olho além das montanhas, vejo por trás dos horizontes em minha volta.


Não saio do lugar mas voo com asas do céu.


Estou sozinha estou com o céu estou comigo mesma.


Ouço a música.


Você a ouve?


Esta ouvindo?


O que? A música. Você esta ouvindo?


Sim eu ouço... a música...


Postado por marisa às 17:51


Marcadores: conto, céu, música, prosa
 
(Esse texto estava em outro blog, transferi para cá, mas é de 21 maio de 2010)










domingo, 3 de abril de 2011

TENTEI TE CONVENCER

Já tentei te convencer de tudo o quanto é jeito... Diz prá mim o que mais você quer... Eu já não deixaria tudo... Diz prá mim o que mais você quer da minha vida... Você não quer mais olhar prá trás... Teria dado certo se você tivesse olhado prá mim... Você olhou e não me viu! Você viu o seu passado apenas... Uma ilusão dentro do seu coração... Paguei por nada. Não sei mais o que eu faria? Nada tenho a perder, agora não mais! Diz prá mim o que mais você tem a dizer... Nunca é tarde de mais para recomeçar... Mas esta difícil de fazer você olhar para trás... Para onde você está olhando? Para onde você quer olhar? Eu já não deixaria tudo por você. Mas eu já teria deixado tudo por você. Nada tenho a perder. Diz prá mim o que mais você quer? Não sei o que mais eu faria... mas nada tenho a perder. Já perdi tudo. Sigo agora sozinha. Você não quis me olhar. Tentei te convencer...